Os insetos gastam um bom tempo do dia limpando suas antenas para manter aguçados os seus sentidos, revela estudo publicado nesta semana pela revista da Academia Americana de Ciências, a "PNAS". A pesquisa revela que essa prática remove dois tipos de sujeiras: os poluentes presentes no ambiente e as substâncias químicas produzidas pelos próprios insetos.
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Barata Americana limpa as antenas colocando-as na boca
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A limpeza faz com que eles mantenham os sentidos olfativos (responsáveis por captar cheiros) agudos. O olfato é responsável por uma série de funções na vida do inseto, incluindo a procura por alimentos, a identificação de uma situação de perigo e até mesmo o ajuda a encontrar um parceiro adequado para a reprodução.
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“A evidência é forte: a higiene é necessária manter estas substâncias estranhas e ‘nativas’ em um determinado nível. Deixar as antenas sujas acaba cegando o inseto para o seu ambiente”, diz Coby Schal, principal autor do estudo.
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A descoberta também sugere uma explicação sobre os motivos que tornam certos tipos de inseticidas mais eficazes do que os demais.
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Experimentos
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Os cientistas criaram um conjunto de experiências para descobrir que tipo materiais os insetos estavam removendo de suas antenas, de onde essas substâncias vinham e as diferenças entre a forma como as hastes limpas e sujas funcionavam.
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Para isso os pesquisadores compararam baratas americanas com antenas asseadas e com sujeira, ao impedirem propositalmente que alguns desses insetos realizassem a limpeza desse órgão. As baratas limpam suas antenas utilizando as patas dianteiras para colocar as antenas dentro de suas bocas para, em seguida, limparem metodicamente cada segmento da base à ponta. Para impedi-las, basta impedir que ela utilizem a boca.
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O resultado mostrou que a prática de assear as hastes desobstrui os poros microscópicos que funcionam como canais ligando os estímulos externos aos receptores sensoriais do olfato.
Além disso, os cientistas identificaram nas antenas sujas a acumulação de uma grande quantidade de hidrocarbonetos cuticulares, substâncias secretadas pelas próprias baratas para se proteger da perda de água.
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“É algo intuitivo que os insetos removam partículas estranhas de suas antenas, mas não é necessariamente intuitiva a prática de remover as próprias substâncias que eles produzem”, afirma Schal.
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Os pesquisadores descobriram ainda que os insetos com antenas limpas captavam muito mais prontamente o cheiro de um feromônio sexual, bem como outros odores.
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Em seguida, formigas, moscas e baratas alemãs foram submetidas aos mesmos testes. Embora a maneira como eles limpem suas antenas seja diferente da barata – as moscas e formigas esfregam as pernas sobre as antenas para remover partículas - os testes mostraram que esses insetos também acumularam mais hidrocarbonetos cuticulares quando impedidos de limpar as antenas.
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Inseticidas
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A descoberta pode ter implicações para o controle de pragas, acredita o autor. Um exemplo seria aplicar sobre as baratas uma névoa de inseticida com poeira. Ao limpar as antenas com a boca, a barata acabaria ingerindo o veneno de forma muito mais eficaz do que os inseticidas residuais, produzidos para penetrar a espessa cutícula do inseto.
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Há ainda outra importante contribuição deixada pela pesquisa, diz Schal. O estudo serve como uma advertência aos pesquisadores que utilizam insetos em experimentos. “Colar a boca de um inseto para impedir a alimentação, por exemplo, também impede que o inseto limpe suas antenas, provocando uma privação sensorial que certamente interfere nos resultados”, sugere o autor.
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Data da Publicação: 05 de fevereiro de 2013
Fonte: Globo Natureza
Foto: Divulgação/Palomar Community College
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